Natural de Conceição do Coité, ele é apaixonado por comunicação desde a infância e hoje se destaca como jornalista na cobertura de política
Verena Veloso (@verena.veloso)
No dia 11 de fevereiro de 1992, a professora Maria das Dores Pinto se preparava para dar à luz ao primeiro filho, fruto do casamento com o contador Manoel Pinto. A família, natural de Conceição do Coité, no nordeste baiano, estava em festa para a chegada do pequeno Victor.
O menino nasceu praticamente falando ou, ao menos, já carregava consigo, desde muito novo, um encantamento por se comunicar. Maria das Dores diz que, aos quatro anos, o primogênito reconhecia letras e marcas em propagandas espalhadas pela cidade.
Nas idas às reuniões e aos encontros da paróquia que frequentavam, o então garoto cantava músicas da liturgia com facilidade. “Era uma criança muito ativa. Aprendia os cânticos sem que precisássemos ensiná-lo em casa. Ele ouvia nas missas e cantava”, observa, ao se referir à religião católica, que continua a fazer parte do cotidiano de Victor, atualmente com quase 33 anos.
Nesse processo, ele foi se desenvolvendo ao lado de um grande companheiro: o rádio. Se estivesse quieto, não era sinônimo de preocupação; bastava procurá-lo ao lado do aparelho fabricado pela Gradiente.

A mãe de Victor também lembra de quando o filho começou a escrever e guarda histórias que ele criou na juventude. No vídeo a seguir, Maria das Dores apresenta alguns materiais produzidos pelo filho na adolescência:
Victor conta que, quando os pais saíam para trabalhar, ia ficar na casa da tia, onde brincava com as primas. Na diversão, era apresentador de um telejornal, e as meninas, as primeiras telespectadoras. “Ali despontou em mim essa questão da comunicação. Quando eu estava em casa, também brincava assim. Juntava duas cadeiras, fingia que era uma bancada, e começava a noticiar casos fictícios, no auge dos meus cinco anos”, recorda o profissional.
Além do aparelho Gradiente da família, Victor também tinha um rádio-relógio da marca Casio. “Ouvia muito as rádios Sisal e Regional. No meu radinho de pilha, sintonizava as emissoras de Salvador e do eixo Rio-São Paulo, principalmente a Globo, nas ondas curtas”, explica o “Menino do Jornal”, como ficou conhecido em Coité.
Esse apelido surgiu porque, na mocidade, ele fundou um jornal impresso para relatar episódios da escola onde estudava. O projeto ganhou dimensão e passou a contemplar fatos da própria cidade, até mesmo dentro do campo político, conquistando patrocinadores e alimentando em Victor o desejo de prestar vestibular para Jornalismo.

O “Correio do Mês”, nome que consolidou o jornal independente de Victor, já não existe mais, mas deu asas para que o filho de Maria das Dores e Manoel se mudasse para Salvador, com o objetivo de estudar Comunicação.
De Coité para a UFBA
A notícia de que Victor havia passado no vestibular agitou os moradores de Conceição do Coité. Em 2010, ele ingressou na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (FACOM-UFBA) para cursar Jornalismo. O diploma foi obtido em 2014, e as memórias desse período estão conservadas nos acervos fotográficos de Victor. O resultado? Com uma década de formado, tornou-se um jornalista que circula por todos os segmentos, do impresso à televisão. Um jornalista multimídia!


Na FACOM, teve contato com o professor Maurício Tavares, que ministra as aulas de radiojornalismo, um dos segmentos no qual Victor atua hoje em dia. Maurício se refere ao ex-monitor como um estudante extremamente capacitado e sublinha que faz questão de convidá-lo para palestrar para os seus atuais alunos.
Com o passar dos semestres na FACOM, Victor começou a estagiar em veículos e em assessorias de imprensa. Em uma das primeiras experiências profissionais, ainda como universitário, compôs a equipe de comunicação do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb).
Quem supervisionou as atividades dele no órgão foi a jornalista Danile Rebouças. “Tem chefes com quem aprendemos o que não vamos fazer se um dia chegarmos a um cargo de gestão. Com Danile foi o inverso: eu quero fazer o que ela fazia. Nos lugares em que liderei pessoas, busquei assumir essa postura, de parar, ensinar e fazer junto”, salienta Victor, que, depois de formado, tornou-se editor-chefe de política do portal BNews.

Respeito e admiração também nutridos por Danile, que fala, com orgulho, sobre ter participado da jornada de Victor. “A gente cresceu junto no dia a dia. Foi um período muito bom e produtivo para ambos. Fico feliz em saber que ele também acha isso e mais contente ainda em ver o quanto ele cresceu e tudo o que vem conquistando dentro da profissão”, afirma.
A caminhada no jornalismo político
Desde quando vivia em Coité, Victor estava inserido em ambientes e em coberturas políticas. Foi a partir dessas vivências que, quando se mudou para a capital, passou a frequentar a Câmara Municipal de Vereadores (CMS) e a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).
Essas experiências, segundo o jornalista, foram fundamentais para o currículo e a trajetória dele, tendo favorecido oportunidades para diversos trabalhos. “São dois lugares essenciais que quem cobre política deve passar. Aprender o processo legislativo é entender política de maneira profunda. Aprendi e aprendo muito frequentando a CMS e a Alba”, certifica Victor, que também tem o costume de conversar com funcionários dessas instituições, além dos próprios vereadores e deputados, como estratégia de colher informações de bastidores.
Cobranças sobre posicionamentos emitidos, bem como pedidos de espaço para pronunciamento, por parte de políticos e assessores, costumam ser frequentes. Mas ele garante que, até agora, nunca passou por qualquer tipo de eventualidade preocupante.

Em 2022, surgiu o convite para trabalhar na Band Bahia, o que, de acordo com Victor, foi a realização de um sonho. “Todo mundo dizia que eu levava jeito para televisão. Até que o diretor regional da emissora, Augusto Correia Lima, me chamou. Ele queria, junto com a diretora de Jornalismo, Zuleica Andrade, um projeto focado em política”, rememora.

Após conversas e elaborações de propostas, nasceu o Boa Tarde Bahia, programa que Victor apresenta, de segunda a sexta-feira, ao lado da jornalista Maria Lorena Alves, coordenadora da BandNews FM Salvador.


Na avaliação de Augusto Correia Lima, o trabalho de Victor tende a ser reconhecido em todo o Brasil. “Ele chegou no Grupo Bandeirantes e ocupou um espaço que eu acho que estava faltando na Bahia. Com o caminho que está trilhando, será difícil segurá-lo aqui no estado”, pondera.
Ele ainda ressalta a atuação de Victor em situações políticas marcantes, como quando o funcionário foi cobrir as eleições na Argentina, em 2023. “Ele é incansável. Um jovem realmente brilhante. Fico feliz com a presença dele na nossa equipe. A cobertura dele sobre a disputa pela presidência do país vizinho foi destaque na programação da nossa rede”, complementa o diretor.
Victor concorda que esse foi um dos momentos mais significativos da carreira. A viagem aconteceu por vontade própria, como um investimento na carreira. Outro capítulo inesquecível para ele foi o estágio na Rádio Vaticano, no mesmo ano, além da cobertura das últimas eleições em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, em 2024.
No vídeo a seguir, Victor aborda feitos relevantes na caminhada jornalística, os desafios vinculados ao exercício da profissão e aborda o trajeto percorrido até a segunda graduação: para aprimorar as análises políticas executadas no âmbito da Comunicação, o “Menino do Jornal” também se tornou advogado.
Prêmios, títulos e reconhecimento
Nas redes sociais, Victor compartilha fotos e vídeos de premiações que vem recebendo como destaque no jornalismo político na Bahia. Em uma das publicações, o profissional, que também já recebeu o título de Cidadão Soteropolitano pela CMS, diz: “A gente cobre e a gente cobra o trabalho político de prestação de serviço para o povo. Agradeço a Deus pela saúde de trabalhar com o dom que Ele me deu, e a todos os colegas jornalistas com quem atuo.”


A professora Maria das Dores, que ainda mora em Conceição do Coité, se emociona com a trajetória do filho, que mantém na rotina o hábito de visitar a terra natal sempre que possível. “Tive o prazer de estar presente em algumas cerimônias de premiação. É uma alegria que não tem palavras para descrever. Mas sempre digo a ele para manter os pés no chão, com humildade e simplicidade. Porque é isso que conta, com Deus sempre em primeiro lugar”, pontua.
Verena Veloso
Bacharel em Humanidades pela Universidade Federal da Bahia, atua no radiojornalismo há quase três anos. Pela Faculdade de Comunicação da UFBA, já fez iniciação científica e atualmente está dedicada à elaboração de um podcast na área da saúde. O produto será apresentado como TCC para a obtenção do diploma em jornalismo.
O interesse em fazer o perfil de Victor Pinto está associado ao fato de ele ter se formado na FACOM-UFBA, além de ser uma chance de desenvolver essa possibilidade oferecida pelo produto laboratorial, contando um retrato da vida de alguém.