Saiba o que diz quem já foi e conheça os programas de mobilidade acadêmica internacional da UEFS, UFRB, UNEB e UFBA
Júlia Isabela (@juliaisabelas)
No ano de 2017, o Ministério da Educação anunciava que o Ciência Sem Fronteiras havia chegado ao fim. Com ele, se foi também a oportunidade de uma vida para milhares de jovens. Isso porque o programa oferecia bolsas de mobilidade acadêmica internacional para estudantes de graduação. A justificativa para tal foi de que o programa deixou dívidas elevadas para o governo, que não viu o retorno esperado na educação do país mediante o investimento feito.
Sendo assim, alcançar o sonho de estudar fora do país ficou mais difícil para os jovens brasileiros, que tanto almejam a possibilidade. De acordo com dados da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta), 85,7% dos estudantes brasileiros demonstraram interesse em realizar intercâmbio no ano passado. Além disso, logo depois do arrefecimento da pandemia, o número de brasileiros que saíram em viagens internacionais teve uma alta de 18%, saltando de 386 mil, em 2019, para 455 mil em 2022.
Sair do Brasil possui custos altíssimos e somente pessoas com condições financeiras privilegiadas conseguem concluir este desejo sem precisar de incentivo. Com o fim do Ciências Sem Fronteiras, que ajudava classes mais vulneráveis financeiramente a também terem acesso ao intercâmbio, o cenário se tornou ainda mais excludente.
Porém, estudantes de graduação das universidades públicas da Bahia possuem melhores chances. Instituições como a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e Universidade Federal da Bahia (UFBA), quatro das maiores universidades localizadas no estado, oferecem programas de mobilidade acadêmica internacional por meio de editais que dão oportunidades de intercâmbio aos seus alunos, quase todas com possibilidade de bolsa.
A UFBA é a única entre as quatro citadas a não oferecer, atualmente, incentivo financeiro aos aprovados em seus editais gerais de mobilidade internacional. Entretanto, é a instituição com maior número de vagas ofertadas semestralmente, enquanto que a UFRB é a com menos vagas. Observe no gráfico abaixo.
Gráfico produzido no Canva.
As universidades baianas fazem uma intermediação entre os alunos e as instituições estrangeiras que são suas parceiras ou conveniadas, geralmente por Acordo de Cooperação Internacional, para que seus estudantes possam cursar períodos fora do país como intercambistas. Na grande maioria das vezes, cobrindo também as mensalidades universitárias inerentes ao processo, já que estas taxas existem em universidades públicas de outros países.
UEFS: maioria dos estudantes que fazem mobilidade internacional vêm de escolas públicas
No caso da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), o programa institucional de mobilidade acadêmica existe desde 2007, e 875 estudantes já se utilizaram dele para realizar uma mobilidade internacional. Em seu edital mais recente, referente ao primeiro semestre de 2025, a universidade ofertou um total de 63 vagas distribuídas em 15 países, com opções na América do Sul, América do Norte, América Central, África, Ásia e Europa.
A UEFS disponibiliza ainda 30 “Bolsas Intercâmbio” para os estudantes selecionados, com o valor mensal de R$2.020,00, além de um auxílio instalação de R$2.020,00 a ser pago em uma única parcela. No entanto, como o número de vagas e alunos inscritos é maior do que o de bolsas disponíveis, existe uma classificação para definir quem ganha a bolsa, a partir de critérios como o de desempenho acadêmico. Quem não obtiver a pontuação necessária para a concessão das bolsas pode escolher assumir os custos e cursar a mobilidade mesmo sem auxílio, caso aprovado na seleção da universidade estrangeira.
Soanne Oliveira, Assessora Especial de Relações Institucionais da UEFS, explica que as bolsas são fruto de uma tentativa da instituição de democratizar o acesso à mobilidade acadêmica internacional para os seus alunos devido ao alto custo da moradia fora do país. A universidade redesenhou seu Programa de Mobilidade Acadêmica em 2009 com este objetivo.
“Inicialmente (o programa) não era tão robusto como agora, iniciamos com 8 bolsas anuais e com o valor igual à bolsa de Iniciação Científica. Então, à medida que ouvíamos os estudantes e também nos capacitávamos com o exemplo de outras universidades e agências, ampliamos tanto quantitativamente, quanto com valores. Pois quando imaginamos que este valor será convertido para moeda estrangeira, temos que projetar um recurso minimamente viável para o estudante manter moradia e alimentação nos meses de estadia fora do país”, explica Soanne Oliveira.
A assessora também detalha os recursos do orçamento para a viabilidade do programa. “Temos atualmente uma rubrica em nosso orçamento de internacionalização, onde o programa está alocado, com um recurso anual previsto de R$989.800,00 para mobilidade internacional, R$22.540,00 para mobilidade nacional e R$20.160,00 para recebimento de estudante internacional na UEFS. O total do investimento anual para mobilidade acadêmica nacional e internacional é de R$1.032.500,00”.
Ainda segundo Soanne, a UEFS fez uma pesquisa recente indicando o perfil dos alunos da universidade que fazem a mobilidade internacional. Os dados apontaram que 51% dos estudantes são oriundos de escola pública, 53,7% são mulheres e 37% são cotistas.

Recém-formada em Direito pela UEFS, Iasmin Melo fez uma mobilidade internacional para a Universidade do Porto, em Portugal, no ano de 2023. Ela foi uma das selecionadas para obter o benefício da bolsa intercâmbio e defende que este tipo de política é do interesse nacional.
“Eu acredito que mesmo se a bolsa não cobrir todos os custos, um incentivo ou um auxílio financeiro deveria fazer parte de todo projeto de Universidade que quer se internacionalizar e que quer realmente melhorar a qualidade do seu ensino. É uma coisa que com certeza permite uma troca de conhecimento, de perspectivas acadêmicas que às vezes não seriam adquiridas só nacionalmente. Sabemos que a condição do nosso Estado e dos nossos estudantes, da maior parte da população, não seria de fazer o intercâmbio se não houvesse bolsa, e eu acho que isso deveria ser uma prioridade, assim como a melhora de todas as políticas de acesso e incentivo à permanência dos estudantes nas universidades”, opina Iasmin.

Igor Mota, outro ex-intercambista formado pela UEFS, em Letras, também realizou sua mobilidade acadêmica internacional com bolsa, para a Universidade do Minho, em Braga, Portugal. Mesmo com o auxílio financeiro, ele teve que fazer bicos e uma rifa para conseguir aproveitar de forma tranquila a experiência da mobilidade. Mota também relata que a viagem foi intensa e proveitosa em diversos aspectos.
“Foi uma mudança radical. Não há palavras que traduzam o quão desafiadora, transformadora e impactante é a experiência da mobilidade acadêmica internacional, em todos os aspectos (acadêmico, profissional, pessoal, humano etc.). Na Universidade do Minho, tive a oportunidade de apresentar o projeto de pesquisa que faço parte, apresentar a UEFS e a Bahia para meus colegas e trocar figurinhas acadêmicas e interculturais. Além disso, durante minha estadia no continente europeu, pude visitar diversos países e entrar em contato com pessoas de diversas culturas, que falavam diversas línguas. Consegui, efetivamente, exercitar minha cidadania planetária e me enxergar como um cidadão do mundo, plurilíngue, pluricultural, capaz de superar diversos desafios e pronto para abrir novos caminhos”, conta.

UFRB: vagas ainda são poucas, porém há investimento em democratização
O programa de mobilidade da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) existe desde 2009 e, em seu último edital, constam 10 vagas para estudantes de todos os cursos da universidade, com opções de 4 países (Alemanha, Portugal, México e Espanha). A instituição oferece Auxílio Mobilidade no valor de R$14.500,00, pago em três parcelas, para os aprovados em universidades europeias e um auxílio de R$7.000,00, parcela única, para os intercambistas cujo destino é o México. As bolsas são válidas somente para um semestre, portanto, se o estudante quiser prorrogar sua mobilidade para o período de um ano, o auxílio não é concedido novamente.
Coordenadora do Núcleo de Mobilidade Internacional da UFRB, Renata Santos ressalta que este auxílio é uma conquista recente, mais especificamente de 2022. “Sempre tivemos consciência de que a realidade social da UFRB exige uma mobilidade que seja ao menos parcialmente custeada para viabilizar o acesso dos estudantes para esta prática. A Superintendência de Assuntos Internacionais possui um orçamento que infelizmente ainda está muito aquém das nossas necessidades, mas 90% dos valores são destinados para auxílio aos estudantes da UFRB realizarem mobilidade e na recepção e permanência dos estrangeiros aqui no Recôncavo”.
Para Renata, mesmo ofertando poucas vagas, o processo na UFRB é bastante democrático, uma vez que estudantes das mais diversas classes sociais conseguem realizar a mobilidade.
“O recurso, ainda que não seja integral, tem sido um divisor de águas, pois realmente permite que vários estudantes possam participar desse processo seletivo de uma forma mais segura e acredito que se sentem apoiados pela instituição a partir do momento que entendemos a nossa realidade e construímos meios de acesso a essa prática que ainda precisa ser mais discutida na instituição. Minha vivência no setor demonstra que temos estudantes com excelentes currículos e que podem experienciar a mobilidade e trazer grandes contribuições. entanto, além do idioma, o fator financeiro tem sido um grande limitador, mas quando existem os auxílios para a mobilidade, eles percebem que podem pavimentar um caminho acadêmico em qualquer lugar do mundo”, completa.
Ayla Falcão, formada em Ciências Sociais pela UFRB, fez um ano de mobilidade acadêmica internacional em Portugal, no Instituto Politécnico de Bragança, através do programa da instituição baiana. Ela foi contemplada com uma bolsa de R$9.600 e, apesar de somente a passagem de ida ter custado R$6.000, ela valoriza a iniciativa.
“A bolsa possibilita pessoas que vêm de uma realidade social mais vulnerável a estarem ocupando determinados lugares que sempre foram ocupados somente por uma pequena parcela da população brasileira. Então é extremamente importante que todos tenham acesso à bolsa e possam estudar fora”, comenta Ayla.

UFBA oferta mais de 192 vagas semestrais
Em seu edital divulgado mais recentemente, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) apresenta 192 vagas mínimas (algumas universidades estrangeiras não discriminam número de vagas, por isso, na prática, existem mais vagas do que as computadas). As oportunidades estão distribuídas em 18 países da Ásia, Europa, África, América do Sul e América do Norte. De longe, é o maior número de vagas e de países oferecidos dentre os editais analisados e, assim como as universidades baianas citadas anteriormente, a grande maioria das vagas oferece isenção da mensalidade da universidade estrangeira.
Apesar da grande oferta, muitas vagas acabam não sendo preenchidas. A média de participantes do programa por semestre letivo é de apenas 40 estudantes, segundo informações da Superintendência de Relações Internacionais da UFBA (SRI).
A técnica de intercâmbio Maíra Vilas Bôas, que faz parte da SRI, explica que a universidade consegue ofertar tantas vagas devido aos muitos acordos de cooperação firmados com instituições estrangeiras.
“A ampla quantidade de acordos de cooperação com Instituições de Ensino Superior estrangeiras deve-se à intensa política de internacionalização universitária fomentada na UFBA desde a implementação da Assessoria de Relações Internacionais, há 28 anos (hoje Superintendência de Relações Internacionais), entre outras instâncias. Tal visão globalista contribuiu para que a UFBA ocupasse hoje um lugar de destaque no âmbito da investigação científica e da mobilidade acadêmica internacional, sendo reconhecida mundialmente por suas boas práticas de diplomacia cultural universitária”, afirma Maìra.
Porém, diferentemente das outras universidades baianas citadas anteriormente, a UFBA não disponibiliza nenhuma bolsa ou outro tipo de auxílio financeiro aos alunos aprovados, o que acaba dificultando e restringindo o acesso ao intercâmbio para os estudantes da instituição. Maíra justifica que isso ocorre devido à falta de orçamento da universidade para tal finalidade.
“Nunca houve uma reserva orçamentária específica do governo federal para bolsas-auxílio do programa de Intercâmbio Acadêmico Estudantil Internacional da UFBA. Até meados do ano de 2017, a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (PROAE) da UFBA ofertava ajudas de custo para estudantes em situação de vulnerabilidade social cadastrados/as. O cancelamento da assistência da PROAE e a dificuldade de financiamento de outros auxílios se deve aos cortes no orçamento para custeio e à redução de investimentos que a UFBA vem sofrendo há anos, quadro de estrangulamento que obstaculiza a implementação de ações que visem reverter este cenário”, explica Maìra Vilas Bôas.
Ruan Amorim, estudante de Jornalismo da UFBA, foi aprovado, em 2023, para cursar mobilidade na Universidade da Beira Interior, em Covilhã, Portugal. Apesar de ser um grande sonho, ele quase desistiu devido a dificuldades financeiras e, pela falta de auxílio, precisou fazer uma rifa.
“Na UFBA, eu percebi que o intercâmbio é, na realidade, para um grupo bem seleto, não para todos os estudantes da graduação. Para realizá-lo, eu tive que custear todos os gastos do meu bolso, sem nenhum suporte financeiro da universidade. Os gastos foram muitos: passagem de ida e volta, visto, moradia, contas de água, luz e gás, além da alimentação e lazer. Quando percebi que teria que dar conta de todas essas despesas, o primeiro impulso foi desistir, pois nem eu nem minha família tínhamos como arcar com tantos gastos”, desabafa.
“Porém, incentivado por amigos e familiares, eu fiz uma rifa. Com ela, consegui cerca de R$5.600, valor que ajudou a custear as passagens. Paguei o visto com o dinheiro que havia juntado do meu estágio e pedi para minha chefe me permitir trabalhar, no home office, lá em Portugal, para poder ter dinheiro para custear as demais despesas no país europeu. Ela aceitou, o que foi de grande valia para mim. Com o dinheiro do meu estágio e a ajuda dos meus pais, consegui finalizar o intercâmbio sem mais entraves”, completa Amorim.
Para o estudante de Jornalismo, todo o esforço valeu a pena, já que a vivência da mobilidade internacional foi inesquecível. “Eu gosto de dizer que foi a experiência mais marcante da minha vida, tanto para a minha vida acadêmica quanto para a pessoal. Eu cursei matérias muito interessantes, como marketing, música, planificação da comunicação e oficina de criatividade. Além disso, fiz amigos incríveis, pessoas que realmente me marcaram e tornaram o intercâmbio ainda mais significativo e agradável”, diz.

Outra estudante de Jornalismo da UFBA, Yasmin Morais realizou sua mobilidade acadêmica internacional na França, em 2022, na cidade de Toulouse, e novamente sem nenhum tipo de auxílio financeiro da universidade. Ela acredita que todas as instituições federais e estaduais deveriam dispor de verba para bolsas de intercâmbio e mobilidade acadêmica devido à importância deste programas para o enriquecimento cultural e intelectual dos estudantes.
“Sem contar que esse contato com outras culturas, com outros modelos educacionais, enriquece o aprendizado estudantil fazendo com que, após a formação, esses estudantes sejam indivíduos muito mais capacitados no mercado de trabalho, em geral falando duas ou três línguas, podendo trabalhar em espaços multiculturais e tendo um conhecimento de mundo muito maior, inclusive implementando suas pesquisas, melhorando o seu potencial acadêmico e trazendo determinados avanços e perspectivas até para o próprio ensino brasileiro. É muito importante que os estudantes e em especial os estudantes com menos condições financeiras, que são marcados por opressões sociais como opressão racial, misoginia, opressão contra pessoas LGBT, possam acessar esses espaços”, pondera Yasmin.

Além da falta de bolsas incomodar muito os alunos da UFBA interessados na mobilidade internacional, os estudantes da universidade também tendem a achar a divulgação dos editais insuficiente. Assista alunos da Faculdade de Comunicação da UFBA (FACOM) opinando sobre estas questões dos editais no vídeo abaixo.
Segundo a SRI, 79% dos/as estudantes que participaram do programa de intercâmbio da UFBA no ano passado se autodeclararam pessoas brancas que estudaram em escola particular. Outro dado importante é sobre os cursos que costumam ter mais representantes como intercambistas, são eles: Administração, Direito, Arquitetura e Engenharia. Além disso, foi destacado que os estudantes de saúde não costumam participar do programa de forma significativa.
UNEB arca com o valor das passagens aéreas
Já a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em seu último edital de mobilidade internacional, divulgou 43 vagas distribuídas em 5 países (Portugal, Itália, Espanha, Colômbia e Chile). A instituição garante ainda que “os estudantes classificados serão contemplados com passagens aéreas de ida e volta para o país sede das IES, auxílio instalação, bolsa-auxílio e isenção de taxas acadêmicas na IES anfitriã parceira da UNEB”.
A parcela única de auxílio instalação oferecida é de 400,00 Euros/Dólar, além de seis parcelas de 400,00 Euros/Dólar de bolsa-auxílio, totalizando 2.400,00 Euros/Dólar aos estudantes contemplados.
Do total de vagas oferecidas no âmbito da graduação e da pós-graduação, a UNEB faz ainda as seguintes reservas: 40% para candidatos(as) negros(as); 5% de sobrevaga para candidatos(as) indígenas; 5% de sobrevaga para candidatos(as) quilombolas; 5% de sobrevaga para candidatos(as) ciganos(as); 5% de sobrevaga para candidatos(as) com deficiência, transtorno do espectro autista ou altas habilidades; e, 5% de sobrevaga para candidatos(as) transexuais, travestis ou transgêneros.
Experiência transformadora
A oportunidade de realizar um intercâmbio ou uma mobilidade acadêmica é única e inesquecível para quem a alcança. Os que viveram a experiência, consideram que ela é muito potente e transformadora tanto academicamente quanto no que se refere à vida pessoal.
“Eu acho que é uma coisa que realmente é clichê, mas (a experiência) muda muito a vida em todos os sentidos. É uma coisa que permite que a gente tenha contato com outras perspectivas, com outros modos de conduzir nossas vidas, com outros parâmetros que a gente não teria acesso ficando onde a gente mora. Estar em outro país é uma experiência que realmente te arranca da realidade e vai te obrigar a ver o mundo com outras lentes, e isso é uma coisa que definitivamente mudou muito a minha vida, mudou muito minhas concepções, minhas filosofias, minhas ideologias”, diz Iasmin Melo, ex-intercambista da UEFS.
Iasmin destaca ainda que, academicamente, a mobilidade internacional é uma experiência de valorização da universidade pública brasileira. Para ela, nota-se que no Brasil há menos estrutura, há um sucateamento das instituições, mas, mesmo assim, as universidades nacionais possuem sistemas de ensino que são melhores do que muitas universidades europeias.
Já para Ruan Amorim, da UFBA, o intercâmbio o ajudou a encontrar um caminho dentro da sua área de atuação. “A mobilidade acadêmica ampliou meu olhar para a área de comunicação e fez florescer o desejo de realizar um mestrado e/ou uma pós-graduação na área de comunicação estratégica. Conhecer outras culturas e entender como a comunicação é articulada dentro delas foi, de fato, o combustível para esse desejo. Sou muito feliz por ter vivido essa experiência”, pondera.
Distribuição de vagas por continente
Observando os 4 editais mais recentes da UFBA, UNEB, UEFS e UFRB, nota-se que a grande maioria das vagas disponíveis de mobilidade acadêmica internacional para os estudantes baianos estão concentradas na Europa, enquanto que a Oceania, por exemplo, não tem nenhuma vaga, assim como a África possui apenas duas, mesmo considerando as vagas totais somadas das quatro instituições analisadas. Observe abaixo um mapa com a distribuição das vagas. Clique com o mouse nos pontos destacados para visualizar o número de vagas ofertadas considerando os quatro editais.
*Distribuição de vagas dos programas de mobilidade acadêmica internacional das universidades públicas da Bahia: UEFS, UFRB, UFBA E UNEB. Dados considerando editais mais recentes (2024) das quatro instituições citadas.
*O levantamento não é exato devido a algumas instituições estrangeiras não definirem número de vagas exatas antes da seleção, como observado no edital da UFBA, por exemplo. Portanto, existem mais vagas do que as computadas.
Júlia Isabela é estudante de Jornalismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atualmente trabalha com assessoria de comunicação. As instituições baianas UFBA, UEFS, UFRB e UNEB foram escolhidas para esta reportagem por conta da importância e da abrangência de seus programas de mobilidade acadêmica internacional.