Cada reportagem mostra um pedacinho da realidade de Salvador
As reportagens desta 2ª Edição do Impressão Digital (ID) evidenciam que os alunos estão antenados nos problemas mais latentes da realidade de Salvador. Desta vez com apenas duas semanas entre a entrega e publicação das pautas, o ritmo foi mais dinâmico, com trocas constantes entre os estudantes, as professoras Suzana Barbosa e Lívia Vieira, a tirocinista Camila Pessôa e o monitor Victor Conegundes.
Toda a atenção na produção e revisão das reportagens foi necessária, já que foram escolhidos temas complexos, caros à população soteropolitana e muitas vezes esquecidos pela mídia tradicional. Uma reportagem, por exemplo, mostra o que aconteceu com as pessoas despejadas em 2024 da Ocupação Carlos Marighella, em um prédio antigo da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), na Praça Castro Alves. A matéria foi produzida por Theo Tavares e Gustavo Nascimento.
Além da habitação, esta edição aborda problemas ambientais. Ana Clara Batista investiga a informação divulgada recentemente pelo IBGE de que Salvador é a segunda capital brasileira menos arborizada. Enquanto isso, Luanda Costa mostra a estreita conexão entre a segurança pública e o acesso à cultura na reportagem “Salvador segue tendência nacional de falta de acesso à cultura por insegurança.”
Ainda sobre o mundo cultural, Leo Prado e Thyffanny Ellen escrevem sobre como a capital baiana despontou como um dos principais destinos de viagem e o aumento do número de turistas em “Verão chega em Salvador em momento auge do mercado de turismo”. Enquanto isso, Ana Francisca e Júlia Naomi mapeiam a expansão da subcultura “Baile Charme” em “Do Black Rio à cena black de Salvador”.
Por sua vez, a aluna Bia Nascimento decidiu colocar o holofote em um dos grandes expoentes do jornalismo baiano e nacional perfilando a repórter e apresentadora Andréia Silva em “Profissionalmente, o medo não me paralisa”.
Os estudantes também tiveram um olhar atento às dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência. Em “Uso irregular de vagas compromete a acessibilidade em supermercados de Salvador”, Vanessa Jesus e Vica Portela acompanharam o problema in loco, constatando estacionamentos irregulares em vagas reservadas repetidas vezes.
Já em “Bahia enfrenta desafios para inclusão de estudantes com autismo”, a questão abordada por Adam Souza e Lizy Teixeira é a falta de políticas específicas para a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em sala de aula, mesmo com uma evasão escolar 5,3% maior entre essa população. Também falando sobre educação, Yan Gustavo detalha a implementação da Ação Saberes Indígenas na Escola (ASIE), que na Bahia vai além das carga mínima de 130 horas exigida na legislação e já se estabeleceu no currículo das escolas indígenas.
As questões na área da saúde não ficaram de fora. Na reportagem “Uso indiscriminado de ‘canetas emagrecedoras’ revela riscos de consumo movido pela estética”, Isabel Queiroz e Isabella Mota enxergam um problema além da trend. As alunas fazem um panorama detalhado das vantagens e desvantagens desses medicamentos, trazendo o problema para o contexto de Salvador, onde foram registrados 237 assaltos a farmácias e drogarias entre janeiro e setembro deste ano, muitos deles com roubos de medicamentos injetáveis, como a semaglutida (Ozempic, Wegovy) e a tirzepatida (Mounjaro).
Também entre as tendências impulsionadas pelas redes sociais, João Moura e Eduardo Sanches abordam o resgate de práticas antigas, hoje permeado pelos mais recentes avanços na tecnologia, em “Neopaganismo, inteligência artificial e o jovem místico.” Por sua vez, Marina Branco e Sofia Nachef abordam a chegada e o desenvolvimento do futebol americano na Bahia. As estudantes contam a história da Cavalaria 2 de Julho, equipe que representa o estado no Brasileirão de Futebol Americano e tem parcerias com a estadunidense NFL (Liga de Futebol Americano, em tradução livre).
Por fim, esta edição traz, na coluna do egresso, a repórter do JOTA Luísa Carvalho. Com atuação em Brasília focada na relação entre os três poderes, a jornalista traz um olhar sobre o contexto atual da profissão. Ela destaca que o jornalismo passa por profundas mudanças que podem desincentivar quem está entrando no mercado, mas considera que a escolha ainda vale a pena, para aqueles que acreditam.
O ID é um produto da disciplina de Jornalismo Integrado V, cursada pelos alunos do sexto semestre do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom). Durante as aulas, os estudantes aprendem sobre a história, estrutura e formas de aplicação do jornalismo digital. Posteriormente, participam de um laboratório, onde desenvolvem duas reportagens sob supervisão das professoras, tirocinista e monitor.




