Quem acompanha os esports?

Com a modalidade ganhando cada vez mais fãs no Brasil, o Impressão Digital busca responder a pergunta: qual o retrato dos fãs de esports?

 

Tiago Freire (@nottiagobritto)

 

A popularidade dos esports não é uma novidade. O ano de 2024 tem sido marcante para o campeonatos como o CBLOL (Campeonato Brasileiro de League of Legends), que bateu um recorde de visualizações, com mais de 450 mil visualizações simultâneas em abril.  

 

Os esports (ou esportes eletrônicos) são uma categoria de competições de videogames que tem tido uma grande ascensão no mundo inteiro a partir meados dos anos 2000, com a popularidade de títulos como Starcraft 2 na Coréia do Sul. O que começou com campeonatos amadores hoje são verdadeiras gigantes do entretenimento, com premiações milionárias e contratos caríssimos. 

 

Essa popularidade da modalidade vem atrelada à popularização dos games no Brasil, segundo números do PGB (Perfil Gamer Brasileiro, uma pesquisa anual promovida pela ESPM), 73,9% da população no Brasil afirma jogar algum tipo de jogo digital. Além disso, o estudo também aponta uma predominância feminina do campo, com 50,9% do público sendo feminino e 49,1% masculino. Além disso, ele mostra uma boa distribuição de classe, com a maioria dos gamers sendo classe B2, ou seja, de classe média.

 

Os dados também indicam um envelhecimento da demografia gamer no Brasil. As faixas etárias mais representadas são de 30 a 34 anos, com 16,2% e de 35 a 39 anos, com 16,9%. Em contrapartida, os públicos mais jovens apresentam uma participação reduzida, com 14,6% para a faixa dos 20 a 24 anos e os mesmo para a faixa dos 25 a 29 anos. Atrelado a questão etária, as plataformas de preferência é bem destacado. 48,8% dos gamers jogam pelos dispositivos móveis, seguidos pelos computadores, com 22,6%, e pelos consoles, com 21,7%

 

A dúvida que fica é se os mesmos números números que a pesquisa aponta se refletem nos esports. Para isso, o Impressão Digital fez uma sondagem em servidores de Discord voltados para o público de esports. Foram distribuídos formulários durante o mês de agosto, com aproximadamente 62 respostas. Apesar da baixa amostragem, a consulta revelou alguns dados interessantes.

 

 

Apesar do quadro que o PGB mostra, a sondagem revela uma predominância masculina ainda no mundo competitivo no cenário competitivo, realçando como ainda existem barreiras no mundo profissional gamer brasileiro. 

 

“A gente que trabalha com isso todo dia vê com muita clareza”, observa João Neves, diretor da Arena Gamer da Fonte Nova, que já sediou partidas do CBLOL. “Temos aqui um recorte muito explícito entre os fãs e os atletas. Com certeza há uma esperança de maior diversidade, mas ainda é um caminho longo”.

 

A diversidade nos esports é uma aposta que ainda está em desenvolvimento, com o surgimento e ascensão dos primeiros times femininos no país, como o caso dos times das organizações FURIA, MIBR e LOUD, todas nativas do cenário brasileiro de jogos eletrônicos. João reconhece a importância dessa iniciativa e comenta sua esperança para o cenário.

 

“Nós queremos muito ver mais dessa diversidade que os esports podem oferecer. Quase todo mundo joga alguma coisa hoje em dia ou conhece alguém que gosta de videogames”, afirma Neves. “Essa pluralidade não é só ter diferentes pessoas disputando os campeonatos, mas é mostrar como a paixão por games é algo que pode unir as pessoas independente de classe, gênero, sexualidade. Sou muito confiante com essa possibilidade”. 

 

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Tiago Freire é jornalista em formação e ilustrador. Os esports foram escolhidos por ser um cenário em grande ascensão mas que apesar de seu grande sucesso, apresenta grandes paradoxos com a realidade brasileira. 

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