Primeira edição do Impressão Digital celebra 30 anos de Jornalismo Digital no Brasil

Reportagens produzidas pela turma da disciplina Jornalismo Integrado V traçam linha do tempo da efetivação de práticas jornalísticas no ambiente digital

 

Facundo Sagárnaga (@facundosagarnaga) e Giovanna Araújo (@giovannadaraujo)

 

Em 2025, o Brasil celebra três décadas do Jornalismo Digital, marco que transformou de maneira profunda e definitiva o modo como a informação é produzida, distribuída e consumida no país. Desde a primeira publicação online, as práticas jornalísticas passaram por intensos processos de reconfiguração, acompanhando os avanços tecnológicos, as mudanças de comportamento do público e as novas exigências de um cenário digital em constante evolução.

 

Para comemorar a data, a turma do quinto semestre da disciplina Jornalismo Integrado V, produziu uma série especial de reportagens dedicada a analisar as transformações e os principais impactos que moldaram o jornalismo digital no Brasil. A leitura desta série oferece ao público uma visão coerente dessas três décadas de mudanças, vistas pelo olhar atento de uma nova geração de profissionais, jovens que estão iniciando suas carreiras em redações ou se preparando para ingressar no mercado de trabalho.

 

Ao todo, foram produzidas 10 reportagens, organizadas por grupos de estudantes com base em recortes temporais específicos, um critério adotado para delimitar com maior precisão os períodos de análise e facilitar o aprofundamento nos contextos de cada período, desde o início em 1995. As pautas foram debatidas coletivamente em sala de aula, em um processo colaborativo que contou com a mediação e sugestões das professoras Suzana Barbosa e Lívia Vieira, do tirocinista Facundo Sagárnaga e da monitora Giovanna Araújo.

 

As reportagens produzidas pelos/as estudantes traçam um relato cronológico de como veículos de comunicação, redações e profissionais do jornalismo reagiram — em diferentes fases — às sucessivas transformações tecnológicas. Da internet primitiva de 1995 até o cenário atual, marcado por um ecossistema informativo moldado por algoritmos e pelo consumo acelerado em plataformas como o TikTok, os trabalhos abordam marcos fundamentais da digitalização e seus impactos nas práticas jornalísticas.

 

Durante a execução dos trabalhos, os/as estudantes vivenciaram uma imersão prática na rotina de uma redação jornalística, experimentando todas as etapas de produção de uma reportagem: desde a definição das pautas e o processo de apuração até a seleção das fontes, a organização dos prazos e a aplicação das especificidades da linguagem digital. Foram explorados elementos essenciais, como a hipertextualidade, a interatividade, o uso de recursos multimídia e a construção de narrativas voltadas a múltiplas plataformas.

 

 

Uma das fases mais analisadas foi a ampla utilização do acesso à internet, especialmente a partir de 2005. Por meio de reportagens, produtos interativos e diversas fontes documentais, as reportagens descrevem como esse processo acentuou a “digitalização” do ecossistema midiático, marcando o declínio da primazia da mídia impressa e consolidando a atualização contínua de conteúdos multiformato. Entre os textos, a figura do “repórter multimídia” surge como síntese das novas demandas técnicas impostas ao trabalho jornalístico, frequentemente vinculadas, segundo algumas análises, a dinâmicas de precarização do trabalho.

 

Nos grupos que se concentraram no período entre 2015 e 2020, destacam-se reflexões sobre a erosão da credibilidade da mídia tradicional em um contexto global de polarização política, crise econômica e disseminação de desinformação. Nesse mesmo contexto, segundo os artigos, também surgiram iniciativas nativas digitais, caracterizadas pelo compromisso com a independência editorial, a conexão com o público local e a cobertura de lacunas temáticas ignoradas pela imprensa tradicional.

 

Trabalhar com as histórias desses projetos digitais permitiu aos alunos e às alunas compreender os desafios de sustentabilidade que enfrentam. Além disso, os textos também abordam a dependência que muitos desses nativos digitais têm das grandes plataformas tecnológicas e seus algoritmos. Nesse sentido, as matérias não apenas descrevem transformações, mas também levantam reflexões relevantes sobre o presente e o futuro do modelo de negócios jornalísticos.

 

Por fim, a entrega reafirma o Impressão Digital como um espaço de pesquisa e experimentação. O resultado é uma coletânea de reportagens que, mais do que revisitar o passado, lança um olhar crítico sobre o presente e aponta reflexões para o futuro do jornalismo digital no Brasil.

 

Confira as reportagens:

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